sábado, 26 de setembro de 2009

Que marola é essa, meu irmão?

Mais um dia normal como todos os outros. Sai da rádio e a caminho de casa, já dentro do ônibus, um senhor que trazia nos cabelos cacheados e na barba densa o peso da idade, muito educadamente, pediu licença e sentou ao meu lado.
Sempre me sento naquelas cadeiras sozinhas, mas quando entrei já estavam ocupadas. Não sou do tipo metidinha. Algumas pessoas simplesmente não respeitam a barreira invisível que cada um carrega e acabam transpondo os limites insistindo em encostar o tempo todo. E cá pra nós, esse negócio de ficar se encostando a qualquer um não rola!
Mas, aquele senhorzinho, tão educado, não me incomodou. Falei que não sou metida!
Lá pelas tantas, muito antes da metade do caminho, da Praça XV à Barão de Drummond em Vila Isabel, algo começou a não cheirar bem.
Nada disso que você está pensando!
O cheiro era de xixi. Que mente hein!
A dúvida era de onde vinha o cheiro. Até agora não consigo acreditar que aquele tiozinho tão bem apessoado fosse o dono do odor particular. Comecei a calcular as possibilidades. Medi o tio da cabeça aos pés. O cabelo e a barba deixavam a desejar, mas a roupa, depunha a seu favor.
Já a rua...
Essa, todos nós conhecemos!
Milhares de homens mijam nas ruas da cidade maravilhosa diariamente.
Sim eles mijam mesmo. Um palavreado tão chulo quanto o próprio ato.
No outro dia vem o caminhão lavando ruas, praças e avenidas inteiras. Em tempos onde sustentabilidade é palavra de ordem e o lema são os famosos “três erres”, nada mais contraditório.
Segui o caminho com um turbilhão de ideias, tentando descobrir se era a rua ou o velho que fedia e sem poder trocar de lugar por que o ônibus estava lotado. Espraguejando os homens e seus pavorosos costumes, desde Adão até a contemporaneidade. E olha que o coitado até podia. Não tinha banheiro.
Quase chegando ao meu ponto final, descobri o culpado. Melhor! A raiz do problema da maldita marola carioca e de todas as outras cidades e cantinhos que sofrem de mal símile.
Em frente a uma padaria, entre a multidão que passava a caminho de casa, uma mãe incentivava seu filhinho a fazer xixi – isso por que ainda é criança, numa árvore.
O ônibus passou devagar e deu pra perceber bem o constrangimento do garoto que bloqueado, simplesmente não conseguia.
Imagine só! Mal saiu das fraldas. Fazer xixi no banheiro já é difícil. Na rua então, sob os olhares da irmã e dos outros, é quase impossível. E pra piorar, tem sempre um ou outro que passa e fala uma gracinha que deixo por sua conta imaginar ou lembrar, se for o caso.
A moral da história é que o episódio fez com que mudasse meus conceitos.
Antes culpava os homens. Hoje, como não tenho filho homem e mesmo se tivesse, não incentivaria essa ou outras atitudes, acho que a culpa é sua. Sua, que habitua seu filho à naturalidade de fazer xixi na rua. Ou acha engraçadinho mandar que mostre o “piruzinho” pra provar que é macho.
Ah! Se tudo fosse xixi.
Sem ter idéia da origem do cheiro, pedi licença àquele senhor educado, que talvez estivesse fedendo de tanto mijar pela rua o dia todo e desci com a certeza incontestável de que o verdadeiro dono da marola carioca é você que acha que pênis é documento de gratuidade pra falta de educação.

Um comentário:

Juliana disse...

Não moro no RJ mas daqui de casa a coisa não é mt diferente...cambada de mijões!!! Adorei a postagem! Parabéns!