terça-feira, 16 de junho de 2009

Pênis humano, um prodígio da engenharia natural


O pênis humano é um órgão esquisito. A começar pelo tamanho e seguindo pelo formato.
Até o membro dos chimpanzés, de longe os grandes macacos mais bem dotados do mundo, tem no máximo a metade do comprimento e da circunferência de um pênis humano médio. Isso sem falar no formato do membro, que é positivamente bizarro na nossa espécie.
Mas é tudo muito fácil de entender. A gente já sabe muito bem que o elo perdido da evolução humana está na competição. A bizarrice peniana também, uma espécie de esgrima de falos, se você quiser.
Esse tamanho todo é uma forma de alcançar o mais fundo possível na cavidade vaginal da parceira e depositar o esperma o mais perto que der do útero – o que, lógico, favorece as chances de engravidá-la. Não parece muito interessante, até que levamos em consideração não apenas o tamanho, mas o formato do falo humano, único com glande.
Outros grandes macacos se contentam com uma haste inteiriça, mais ou menos comprida. Em geral, durante a penetração, o prepúcio é puxado para baixo, expondo a glande até a região conhecida como coroa – a circunferência saliente que separa a cabeça do pênis propriamente do resto do órgão.
O detalhe crucial, é que a circunferência da coroa é mais larga que a da haste do membro abaixo dela. Trata-se, na prática, de uma espécie de guarda-chuva, que eu acho bem parecida com um cogumelo. A hipótese dos pesquisadores é que esse design anatômico tão específico é, na verdade, um removedor de esperma alheio. Os movimentos de penetração fariam com que o sêmen de um rival, depositado anteriormente na vagina da parceira, fosse levado para debaixo da coroa da glande e retirado dali, abrindo espaço para os espermatozóides do atual copulador.
“Urgh”, dirá você. Infelizmente, a infidelidade existe desde que o mundo é mundo, e na era pré-camisinha e pré-pílula muitas vezes era acompanhada por gestações nas quais o parceiro fixo da mulher não era o pai.
O raciocínio também vale para um eventual Don Juan que pode usar sua glande como ferramenta para ter filhos sem que precise criá-los. Lembre-se de que o sucesso reprodutivo é a moeda de troca número 1 da seleção natural. Qualquer ancestral nosso com modificações anatômicas que caminhassem na direção da atual glande teria mais chances de deixar descendentes e, portanto, veríamos a característica se espalhar entre a população masculina ao longo das gerações – desde que a modificação fosse controlada por características genéticas que pudessem ser passadas via reprodução.
OK. Sabendo que nossa espécie apresenta índices consideráveis de infidelidade, faz todo o sentido que esse mecanismo tenha evoluído. Mas e os chimpanzés, que são bem mais promíscuos que nós de qualquer jeito que se olhe?
Nossos parentes resolvem o problema de maneira diferente, por meio da produção bruta de esperma: os testículos dos bichos são três vezes maiores que os dos machos humanos. O que provavelmente aconteceu, é que transformações genéticas aleatórias “empurraram” a seleção de características sexuais para um lado na nossa espécie e para outro nos chimpanzés.
Os pesquisadores podem estar certos ou errados nesse raciocínio todo, mas de um fato não dá para fugir: pênis podem não ser exatamente uma lindeza, mas são um prodígio de engenharia natural.

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